domingo, 4 de setembro de 2011

CABRAL APRESENTA :NÃO HÁ LUAR COMO ESSE NO SERTÃO

A Escola de Samba Unidos do Cabral, que vai desfilar pelo Grupo E, na Estrada Intendente Magalhães, na terça-feira de Carnaval, lançou a sinopse do enredo para o desfile de 2012.
O título escolhido para o enredo foi: "Não há luar como este do Sertão".
A escola foi fundada no dia 22 de fevereiro de 1953 e tem sua sede no bairro de Cachambi.
Leia a sinopse:
Boa noite pessoar, eu sou o Jeca Tatu, sou símbolo do Brasileiro que vive no campo, mas nem sempre foi assim, pois vivia numa situação precaria de dar dó, até que um dia, um doutor passou aqui em casa, me receitou um remédio e me disse pra eu me calçar, que eu tava com o tal amarelão e que eu tinha que me curar,pois bem,dito e feito,fiz tudo que o medico receitou, hoje sou um cabra forte cheio de ânimo pra trabaiá,mato até onça com as unhas , enriqueci e a minha roça é a maior do sertão, ah! também calçei todo mundo da fazenda inté os bicho pra modo de ninguém fica mais doente de verme.

Hoje sou um home realizado e feliz. Bom agora que já me apresentei. A convite do seu "cabral", vou contar pra oçês uns causos aquí do meu sertão querido,desde onde tudo começô inté os dias de hoje.

Há muito, muito tempo atrás,quando tudo era mata fechada, homens bravos e valentes (os bandeirantes) na esperança de encontrar riquezas (o ouro) para o rei, desbravaram Brasil a dentro, expadiram nossas terras,criaram pousos por onde passaram,nos ensinaram a plantar para nosso sustento (cana,milho,feijão,mandioca...) e cultivar animais (gado, porco, galinha...).
Do contato desses homi com os indios e negros,ficaram de herança a formação da nossa raça(os caboclos), os nossos hábitos, costumes e culturas.
Das lendas temos um tar de "negrinho do pastoreio", que cruza os campos afora, procurando objetos perdidos a quem lhe pede. Com fervor e um toco de vela na mão vá lhe dizendo: foi por aí que eu perdi, foi por aí que eu perdi. Se ele não achar...ninguém mais.

Ah! tem também o moleque de cachimbo na boca, pulando numa perna só,com um gorro vermelho na cabeça,o qual lhe da poderes mágicos de ficar invisível, aterroriza viajantes e adora trançar as crinas dos cavalos; Danado do saci pererê!.Sem falar na mula-sem-cabeça, bicho danado que cospe fogo pelo pescoço,dizem por aí que é uma muié que cometeu pecado de namorar um padre e foi castigada, vixe! Mas o lobisomen é o mais terrive de todos,conta que um cabra nascido por último numa família de sete irmãs, quando ele completa treze anos vira bicho em noites de lua cheia, e o cabra é tão forte que só morre com tiro de bala de prata, cruz em credo!!!

Bom, vamu deixa esse negoço de agouro pra lá e vamu fala de festa. Ê trem bão sô! Óie tem a folia de Reis pra homenagea os três Reis magos (gaspar,belchior e batazar). Os homi aqui da região se reunem pra representarem a visita dos reis magos ao menino Jesus, a gente visita as casas fazendo cantoria e louvando, fantasiados, portando instrumentos musicais e bandeiras, a qual, é recebida, logo na porta, pelo dono da casa, afim de proteje toda família que nos recebem com um banquete pra lá de bão, sem fala na pinga! Tem também a festa do divino, pra louva o Espirito santo, agradeçe pela colheita, abundância,properidade e iguardade, com direito a luta entre cavaleiros (cavalhada) e muito mais.

Pros cowboys de fé, Nossa Senhora de Aparecida proteje e ampara quando na festa de rodeio, eles a levam dentro do seu chapéu: senhores cowboys!!! É hora de trazer o chapéu no peito e elevar o pensamento a Deus, pra que Nossa Senhora Aparecida venha mais uma vez passar seu manto sagrado sobre esse rincão brasileiro. A festança não acabô ainda não, por que agora tem a maió de todas: vamu pula fogueira, solta balão,viva viva! É festa de são João, tem quermesse,pescaria,barraquinhas de montão:comida da boa,pamonha,milho verde,bolo de fubá, cural, inté leitão, mas eu me acabo mermo é na quadrilha dançando a moda de viola inté o dia não poder mas não.

Eita! Depois de tantas histórias, causos e festança só me resta fazer um clamor: pra que não deixem nossa gente sem terra, onde se possa viver feliz e que também olhem pela natureza pra nada nos falta, espera a lua nascer por detrás da verde mata, mas parecendo um sol de prata, prateando a solidão, pega na viola que ponteia, e a canção e a lua cheia a nos nascer do coração...

Não há , oh gente, oh não
luar como este do sertão
Não há, oh gente, oh não
luar como este do sertão...

Unidos do Cabral 2012

Delfim Rodrigues